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Processo de pacificação não deve ocorrer sem custos

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Home Artigos jurídicos Processo de pacificação não deve ocorrer sem custos Processo de pacificação não deve ocorrer sem custos Home Artigos jurídicos Processo de pacificação não deve ocorrer sem custos Processo de pacificação não deve ocorrer sem custos Submitted by eopen on ter, 17/07/2018 – 18:19 Desarranjo, bagunça, prejuízos materiais, aborrecimentos e inocentes prejudicados, mas, dos males, o menor. Estamos em guerra, mas pasmem: dos males, o menor. Já fui delegado de polícia e defensor público no Estado do Rio em tempos em que a criminalidade agia sem contraposição estatal. Imperava um clima de tolerância e promiscuidade entre os traficantes e Estado (governo e polícia), quase uma fraternidade.Nesse tempo, os traficantes aprenderam a ficar abusados e a temer mais as facções rivais do que a polícia. E os meninos fitavam os traficantes como heróis a serem imitados.Em uma sequência de modificações onde a ação do Bope e as UPPs tiveram forte significância, a decisão do Estado de enfrentar a criminalidade iria desaguar na Guerra do Rio, exatamente esta que transcorre no momento. Se perenes e acompanhadas de sucesso, as UPPs e a nova postura forçariam uma reação daqueles que se acostumaram a ditar as regras. O anúncio de que os diferentes comandos criminosos se uniram era de se esperar e, pasmem, dos males o menor: foi motivo de uma íntima comemoração de minha parte. Como oficial de infantaria da reserva do Exército, sei que é mais fácil vencer uma guerra onde se sabe quem é quem. Só se une quem finalmente se sente em risco. Una-se o Rio, portanto, para enfrentar a nova união dos traficantes.Finalmente, é hora de cada um escolher seu lado. Os policiais e políticos “arregalados” pelas fortunas do tráfico finalmente terão que tomar uma única posição nesse tabuleiro. Por mais pavor que transmitam os carros incendiados e o pânico fazem parte de um processo onde os traficantes aprenderão a não desafiar o poder público, onde os oficiais de Justiça voltarão a fazer intimações nas favelas e a segurança pública passe a não ser mera utopia.Claro que há uma série de cuidados, direitos e garantias a serem respeitados. Não é disso que estamos falando, isso é o óbvio em um estado democrático de direito. Estamos falando que por mais triste que seja ainda é melhor que em lugar do antigo compadrio e inércia esteja ocorrendo a Guerra do Rio, uma guerra tantas vezes adiada na qual se definirá, afinal, quem é que manda nesta cidade. Não existem guerras simpáticas, nem guerras sem danos colaterais, mas, repito: dos males, o menor. Ao menos existem guerras que devem ser guerreadas.Nenhum processo de limpeza, seja de uma infecção ou uma cidade, e nenhum processo de construção, seja de uma casa ou de uma cultura, ocorre sem custos, mas nenhum custo é maior do que abrir mão da limpeza e da construção quando necessárias.A guerra irá continuar por mais um tempo, é certo. Os traficantes irão seguir para outros locais, depois outras cidades. O Estado não poderá esmorecer tão cedo. Mas a cada dia os mercados para o crime atuar serão menores, a ousadia abusada terá sua cerviz partida e os meninos não olharão mais para os traficantes como modelo de sucesso e paradigmas a serem copiados.Vai demorar, vai doer, mas dos males o menor: que essa guerra, mesmo que longa, defina quem são os donos da cidade. Que o povo vença, afinal, por intermédio de seus servidores públicos e representantes. FONTE: William Douglas www.conjur.com.br/secoes/artigos Submitted by eopen on ter, 17/07/2018 – 18:19 Desarranjo, bagunça, prejuízos materiais, aborrecimentos e inocentes prejudicados, mas, dos males, o menor. Estamos em guerra, mas pasmem: dos males, o menor. Já fui delegado de polícia e defensor público no Estado do Rio em tempos em que a criminalidade agia sem contraposição estatal. Imperava um clima de tolerância e promiscuidade entre os traficantes e Estado (governo e polícia), quase uma fraternidade.Nesse tempo, os traficantes aprenderam a ficar abusados e a temer mais as facções rivais do que a polícia. E os meninos fitavam os traficantes como heróis a serem imitados.Em uma sequência de modificações onde a ação do Bope e as UPPs tiveram forte significância, a decisão do Estado de enfrentar a criminalidade iria desaguar na Guerra do Rio, exatamente esta que transcorre no momento. Se perenes e acompanhadas de sucesso, as UPPs e a nova postura forçariam uma reação daqueles que se acostumaram a ditar as regras. O anúncio de que os diferentes comandos criminosos se uniram era de se esperar e, pasmem, dos males o menor: foi motivo de uma íntima comemoração de minha parte. Como oficial de infantaria da reserva do Exército, sei que é mais fácil vencer uma guerra onde se sabe quem é quem. Só se une quem finalmente se sente em risco. Una-se o Rio, portanto, para enfrentar a nova união dos traficantes.Finalmente, é hora de cada um escolher seu lado. Os policiais e políticos “arregalados” pelas fortunas do tráfico finalmente terão que tomar uma única posição nesse tabuleiro. Por mais pavor que transmitam os carros incendiados e o pânico fazem parte de um processo onde os traficantes aprenderão a não desafiar o poder público, onde os oficiais de Justiça voltarão a fazer intimações nas favelas e a segurança pública passe a não ser mera utopia.Claro que há uma série de cuidados, direitos e garantias a serem respeitados. Não é disso que estamos falando, isso é o óbvio em um estado democrático de direito. Estamos falando que por mais triste que seja ainda é melhor que em lugar do antigo compadrio e inércia esteja ocorrendo a Guerra do Rio, uma guerra tantas vezes adiada na qual se definirá, afinal, quem é que manda nesta cidade. Não existem guerras simpáticas, nem guerras sem danos colaterais, mas, repito: dos males, o menor. Ao menos existem guerras que devem ser guerreadas.Nenhum processo de limpeza, seja de uma infecção ou uma cidade, e nenhum processo de construção, seja de uma casa ou de uma cultura, ocorre sem custos, mas nenhum custo é maior do que abrir mão da limpeza e da construção quando necessárias.A guerra irá continuar por mais um tempo, é certo. Os traficantes irão seguir para outros locais, depois outras cidades. O Estado não poderá esmorecer tão cedo. Mas a cada dia os mercados para o crime atuar serão menores, a ousadia abusada terá sua cerviz partida e os meninos não olharão mais para os traficantes como modelo de sucesso e paradigmas a serem copiados.Vai demorar, vai doer, mas dos males o menor: que essa guerra, mesmo que longa, defina quem são os donos da cidade. Que o povo vença, afinal, por intermédio de seus servidores públicos e representantes. FONTE: William Douglas www.conjur.com.br/secoes/artigos Desarranjo, bagunça, prejuízos materiais, aborrecimentos e inocentes prejudicados, mas, dos males, o menor. Estamos em guerra, mas pasmem: dos males, o menor. Já fui delegado de polícia e defensor público no Estado do Rio em tempos em que a criminalidade agia sem contraposição estatal. Imperava um clima de tolerância e promiscuidade entre os traficantes e Estado (governo e polícia), quase uma fraternidade.Nesse tempo, os traficantes aprenderam a ficar abusados e a temer mais as facções rivais do que a polícia. E os meninos fitavam os traficantes como heróis a serem imitados.Em uma sequência de modificações onde a ação do Bope e as UPPs tiveram forte significância, a decisão do Estado de enfrentar a criminalidade iria desaguar na Guerra do Rio, exatamente esta que transcorre no momento. Se perenes e acompanhadas de sucesso, as UPPs e a nova postura forçariam uma reação daqueles que se acostumaram a ditar as regras. O anúncio de que os diferentes comandos criminosos se uniram era de se esperar e, pasmem, dos males o menor: foi motivo de uma íntima comemoração de minha parte. Como oficial de infantaria da reserva do Exército, sei que é mais fácil vencer uma guerra onde se sabe quem é quem. Só se une quem finalmente se sente em risco. Una-se o Rio, portanto, para enfrentar a nova união dos traficantes.Finalmente, é hora de cada um escolher seu lado. Os policiais e políticos “arregalados” pelas fortunas do tráfico finalmente terão que tomar uma única posição nesse tabuleiro. Por mais pavor que transmitam os carros incendiados e o pânico fazem parte de um processo onde os traficantes aprenderão a não desafiar o poder público, onde os oficiais de Justiça voltarão a fazer intimações nas favelas e a segurança pública passe a não ser mera utopia.Claro que há uma série de cuidados, direitos e garantias a serem respeitados. Não é disso que estamos falando, isso é o óbvio em um estado democrático de direito. Estamos falando que por mais triste que seja ainda é melhor que em lugar do antigo compadrio e inércia esteja ocorrendo a Guerra do Rio, uma guerra tantas vezes adiada na qual se definirá, afinal, quem é que manda nesta cidade. Não existem guerras simpáticas, nem guerras sem danos colaterais, mas, repito: dos males, o menor. Ao menos existem guerras que devem ser guerreadas.Nenhum processo de limpeza, seja de uma infecção ou uma cidade, e nenhum processo de construção, seja de uma casa ou de uma cultura, ocorre sem custos, mas nenhum custo é maior do que abrir mão da limpeza e da construção quando necessárias.A guerra irá continuar por mais um tempo, é certo. Os traficantes irão seguir para outros locais, depois outras cidades. O Estado não poderá esmorecer tão cedo. Mas a cada dia os mercados para o crime atuar serão menores, a ousadia abusada terá sua cerviz partida e os meninos não olharão mais para os traficantes como modelo de sucesso e paradigmas a serem copiados.Vai demorar, vai doer, mas dos males o menor: que essa guerra, mesmo que longa, defina quem são os donos da cidade. Que o povo vença, afinal, por intermédio de seus servidores públicos e representantes. FONTE: William Douglas www.conjur.com.br/secoes/artigos

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