Como está a saúde mental no meio jurídico?

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Dia 10 de outubro é o Dia Mundial da Saúde Mental e devido a isso resolvemos além de falar sobre o tema de forma abrangente, trazer reflexões sobre o meio jurídico.

A saúde mental no mundo

Leia:

Estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente por causa da depressão e da ansiedade, custando à economia mundial quase 1 trilhão de dólares. Os dados são do relatório “Diretrizes sobre Saúde Mental no Trabalho”, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em setembro de 2022, e confirmam a necessidade de se trazer o debate ainda mais à tona. Na mesma época, a Organização Internacional do Trabalho (OIT)publicou uma nota conjunta com a OMS, na qual as novas diretrizes são explicadas por meio de estratégias práticas para governos, empregadores, trabalhadores e suas organizações, nos setores públicos e privados. “De acordo com as diretrizes globais, 60% da população mundial trabalha e esse trabalho pode impactar a saúde mental tanto de forma positiva quanto negativa. As diretrizes também trazem questões importantes referentes à inserção e à permanência de pessoas com problemas de saúde mental no mercado de trabalho. Além do estigma e das barreiras que essas pessoas vivenciam para ingressar no mercado de trabalho, a ausência de estruturas de suporte impacta na sustentação das atividades laborais”, explica a consultora Nacional de Saúde Mental da OMS, Cláudia Braga.

De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 2022, 209.124 mil pessoas foram afastadas do trabalho por transtornos mentais, entre depressão, distúrbios emocionais e Alzheimer, enquanto em 2021 foram registrados 200.244 afastamentos. “Esse cenário nos mostra a importância de discutirmos essas questões e esperamos que essas diretrizes possam nortear os debates sobre as responsabilidades dos diferentes atores, de modo a mobilizar os esforços para prevenir os impactos negativos do trabalho na saúde mental, promover e proteger a saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores e trabalhadoras, assim como dar suporte às pessoas com problemas de saúde mental para que tenham seus direitos garantidos”, afirma a consultora da OMS.

No meio jurídico…

“Estagiário se joga de sacada de escritório de advocacia durante expediente”

Essa manchete, que esteve estampada em muitos canais de comunicação no mês de setembro de 2022, reacendeu a pergunta sobre como está a saúde mental no meio jurídico.

Isso porque essa não é a primeira notícia e nem o primeiro estagiário de Direito que atenta contra sua própria vida, além dos muitos relatos de estudantes e profissionais sobre períodos de estudos de muito estresse dentro da área jurídica.

Sabe-se que esta é, de fato, uma área com um alto nível de estudos e cobranças, porém cada vez mais tem-se percebido a importância da atenção com a saúde mental e todas as suas consequências.

Isso em todas as áreas da vida e profissionais. Mas vamos falar um pouco sobre essa sobrecarga na área do Direito, que desde a graduação já ocorre.

Sabe-se que muitos estudantes ingressam no curso de Direito visando os concursos públicos e isso já traz um grande peso e muita dedicação.

Os concursos nessa área são, devido ao status e benefícios, muito concorridos e, com isso, para alcançar os objetivos é preciso muito estudo e tempo.

Estudo que, na maioria das vezes, ultrapassa em muitos anos os do término da graduação. A média, de acordo com algumas pesquisas, é de dois anos. Porém, alguns dos concursos têm como exigência, por exemplo, três anos de prática jurídica. Ou seja, cinco anos de faculdade, mais pelo menos dois anos de estudo extra, são pelo menos sete anos de dedicação.

Dedicação essa que pode ser recompensada com a aprovação no concurso, mas que pode trazer também, além da frustração de não conseguir, um grande problema de saúde mental.

Mas esse estresse e excesso não ocorrem somente com os estudantes que têm como desejo as carreiras públicas. Os estágios nos grandes escritórios de advocacia, que são uma importante porta de entrada nesse meio profissional, são também bastante concorridos e com uma demanda de trabalho muitas vezes demasiada.

Essa demasia é o que, possivelmente, causou o ato do jovem estagiário citado na reportagem. O objetivo deste artigo não é fazer juízo de valores a respeito de atitudes de determinadas instituições. O objetivo é trazer a reflexão sobre um tema importante e que tem trazido consequências das mais devastadoras.

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Dia Mundial da Saúde Mental

Nunca se falou tanto de saúde mental no mundo como um todo. A pandemia trouxe com ela a exacerbação dessas questões e deixa como legado muitos entendimentos e reflexões.

Que todos os envolvidos no meio jurídico se mobilizem para, de alguma forma, colocar esse tema em discussão para que, em algum momento, reflita na realidade do dia a dia e se possa aliar estudo, empenho, dedicação e competição ao bem-estar mental.

Este dia precisa ser lembrado como um dia de reflexão sobre o tema, mas mais do que isso é preciso colocar em prática ações individuais e coletivas de cuidado com a saúde mental.

Separamos algumas dicas para ajudar os profissionais do direito a melhorarem sua saúde mental:

  • Estabeleça limites claros: É essencial definir limites de trabalho e tempo para si mesmo. Evite levar trabalho para casa sempre que possível e reserve tempo para descanso e lazer.
  • Pratique a autorreflexão: Tirar um tempo para refletir sobre suas próprias emoções e como elas estão afetando seu bem-estar deve ser uma rotina. A terapia ou a consulta com um profissional de saúde mental são também muito benéficas.
  • Mantenha um estilo de vida saudável: Cuidar de sua saúde física, mantendo uma dieta equilibrada, fazendo exercícios regularmente e dormindo o suficiente, também ajuda na saúde mental. 
  • Pratique a gestão do estresse: Aprenda técnicas de gerenciamento de estresse, como meditação, mindfulness, yoga ou exercícios de respiração profunda. Essas práticas podem ajudar a acalmar a mente e reduzir a ansiedade.
  • Cultive um sistema de apoio: Manter boas conexões com amigos, familiares e colegas de trabalho para compartilhar experiências e desafios pode aliviar a pressão emocional.
  • Desenvolva habilidades de comunicação: Aprimore suas habilidades de comunicação para lidar com conflitos e situações difíceis de forma mais eficaz. Isso pode ajudar a reduzir o estresse associado a essas situações.
  • Gerencie sua carga de trabalho: Tente equilibrar sua carga de trabalho para evitar sobrecarga. Se possível, delegue tarefas ou peça ajuda quando necessário.
  • Tire férias e tempo de descanso: Tirar férias regularmente para recarregar suas energias não pode ser visto com um luxo. Não subestime a importância de tirar um tempo para relaxar e se afastar do trabalho.
  • Pratique a empatia e a compaixão: Lembre-se de que lidar com clientes e colegas pode ser desafiador. Cultive a empatia e a compaixão em suas interações, tanto consigo mesmo quanto com os outros.
  • Busque ajuda profissional: Se você estiver enfrentando problemas relacionados à saúde mental, não hesite em procurar ajuda profissional. Somente um profissional especializado pode dar orientação e apoio específicos para suas necessidades.

Lembre-se de que cuidar da sua saúde mental é fundamental para garantir que você, profissional da área do Direito,  possa continuar a exercer sua profissão de forma eficaz e saudável. Não ignore os sinais de estresse ou ansiedade e tome medidas proativas para mantê-los sob controle.

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